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10 DE MARÇO DE 2005. POR LARISSA VIEIRA

Perda de renda na pecuária de corte inibe capacidade de expansão do rebanho

A pecuária de corte ingressou em 2005 com manutenção do ritmo de perda de renda, resultado da combinação de queda do preço pago pelo boi gordo e alta dos custos de produção. Estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea-USP) indica que em janeiro os custos de produção subiram 0,22%, mas o preço pago pelo boi gordo caiu 3,18%. Em todo o ano passado, os custos de produção subiram 10,10%, enquanto que o preço pago pelo gado caiu 0,03%. A manutenção do quadro de perda de renda na pecuária de corte pode comprometer os resultados da atividade em médio prazo, pois o criador de gado está sendo obrigado a vender matrizes para manter-se capitalizado. Ao abater fêmeas, o segmento compromete a capacidade de expansão e de reposição do rebanho no futuro, explica o presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira. Em 2004, parcela de 35% do total de abates de bovinos envolveu fêmeas. ?No início deste ano, a taxa de abate de matrizes está acima de 50%?, diz Nogueira. O dirigente do Fórum ressalta que desde janeiro de 2003 o preço pago pelo boi gordo ao pecuarista subiu bem menos que os valores de venda da carne bovina no varejo, no atacado ou nas exportações. Análise da CNA mostra que entre janeiro de 2003 e janeiro de 2005, o preço pago pelo boi gordo subiu 4%. No mesmo período, no entanto, o preço médio das exportações subiu 8,4%, o valor de negociação do traseiro, no atacado, teve elevação de 13,1% e o preço no varejo do cupim registrou elevação de 28,6%. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentou variação de 15,7%. Segundo explica Nogueira, os números provam que há um processo de transferência de renda na cadeia da pecuária de corte, com perda para os criadores de gado. Os produtores, ao mesmo tempo em que não recebem o repasse da melhoria dos preços de venda da carne no atacado, no varejo e nas exportações, também não são beneficiados com a queda dos preços dos insumos, referenciados em moeda estrangeira, em momento de queda do dólar. Em janeiro, a suplementação mineral (item que representa 15% dos custos de produção) subiu 1,35%. No ano passado, a suplementação mineral já havia subido 13,35%, sob a justificativa de que esse insumo está fortemente vinculado ao dólar e que a moeda estrangeira havia apresentado valorização. ?Na hora em que o dólar sobe, os insumos também sobem de preço. Mas na hora em que o dólar cai, os preços dos insumos não voltam.?, critica Nogueira. Apesar das dificuldades no campo, o Brasil manteve, neste início de ano, expansão no volume de exportação de carne bovina. As remessas do segmento geraram receita de US$ 370,5 milhões nos dois primeiros meses de 2005, 30% a mais que os US$ 285,5 milhões de igual período do ano passado. Em volume, as exportações somaram 289 mil toneladas (dentro do conceito de equivalente-carcaça) no primeiro bimestre deste ano, 30% a mais que as 222,8 mil toneladas registradas em janeiro e fevereiro de 2004. O preço médio de exportação de carne in natura foi de US$ 2,240 por tonelada no mês passado, 6% a mais que o valor médio de US$ 2.110 por tonelada, em fevereiro de 2004. Fonte: CNA

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